Dias da Cunha, o novel Pintor
Há uns
tempos atrás, Dias da Cunha fazia de conta que barafustava contra o sistema. O
sistema era, então, a sua ocupação e a sua perdição. E o sistema fez-lhe a
vontade, inventou e reinventou penalties sobre penalties, premiou artísticas
cambalhotas, assim conseguindo fazer do seu clube campeão do futebol caseiro.
Era só
cortina de fumo. Toda a gente sabia, de facto, que o seu barafuste não era
contra o sistema, que do sistema faz parte depois que se tomou de amores por
lições de seu alegado douto professor, o obreiro mor do mesmo sistema e a sua
personificação mais emblemática. Dias da Cunha barafustava contra o
anti-sistema, o anti-sistema que lutava para erradicar a “sistemática” sujeira,
que atolava o futebol indígena, e desinfectar a conspurcação reinante.
Numa fase
mais recente, Dias da Cunha virou contabilista e cavaleiro pintor das contas.
Na sua (até então, inédita) novel feição, agarra sua tela e enche seus pincéis
de tinta! À data, porém, usa só tintas claras … e tintas escuras para o
contraste desejado! As claras, clarinhas, para pincelar suas castíssimas
donzelas, as contas da sua amada (e falida) sad, sem esquecer as de seu dilecto
professor. As escuras, bem negras, para tentar borratar as da sua inimiga de
estimação, a Águia altaneira.
O
contraste é a essência da arte do pintor, em especial do novel pintor Dias da
Cunha que, antes de ser sportinguista é, em primeiro lugar, figadal
anti-benfiquista. É por isso que, em vez de cuidar do seu quintal, que bem
precisado está, “preocupa-se” apenas com o quintal do vizinho, numa miradela de
inveja entranhada. E vai borratando, vai borratando … e a caravana a passar,
indiferente! …
Na sua
fase mais contemporânea, Dias da Cunha nem já arte pictórica tem para falar de
tintas e tintas, já não se importa com as cores com que pintalga as suas
contas! Agora, já só fala em pintar, em pintar as contas! Não as dele, que nem
precisam, tão atoladas no vermelho da falência se encontram! Dias da Cunha, novel
pintor, já não descortina tons, tonalidades, matizes, cores, coloridos e outros
que tais! Ou descortina, e bem, mas não quer dizer! Agora, já só quer
falar de contas pintadas e repintadas ... pelos outros, como afirma! E
pintadas, ao que parece, de tons que não agradam à sua (cada vez mais desbotada)
sensibilidade artística!
Não
obstante (por pudor, está claro, e por supliciante e insuportável sofredura),
omite as cores, as verdadeiras cores que pintam as contas, as suas contas, não
as contas que sua sapiência imagina no seu eterno e insuportável rival!
Compreende-se! Imagine-se só o incomensurável padecer de Dias da Cunha ao ver
que, por mais artísticos que sejam os seus borratões, as suas idolatradas
contas estão todas esborratadas, sim, mas de encarnado vivo! Não apenas
sarapintadas, mas esborratadas de vermelhão carregado e recarregado da falência
evidente e há muito anunciada mas sempre perdoada pelos poderes públicos! Há
que tempos que elas se pintaram e repintaram de vermelho e do vermelho vermelhão
não querem sair!
Para que
a mágoa de Dias da Cunha seja a dobrar, também as contas de seu adulado
professor se mantêm carregadas de vermelhão igual ao das suas próprias, coisa
igualmente costumeira. Repare-se que, ainda agora, no balanço dos últimos seis
meses de 2002, o buraco vermelhão que as contas lá do norte cavaram, só neste
período, já atinge a notável profundidade de quase 20 milhões! As (magrinhas, à
altura do amo) receitas já nem os salários dos jogadores pagam, carago! É só
vermelho, vermelho e mais vermelho no reino de quem tanto odeia o vermelho!
Por
contraste, o verdadeiro contraste dos não menos verdadeiros artistas –
irmandade a que Dias da Cunha não pertence, naturalmente! - as contas do seu
odiado rival, apesar das figas artisticamente pinceladas de Dias da Cunha,
tendem a querer situar-se no verde. Aquele vermelho (o único vermelho não
desejado pela Águia vencedora) que tanto as sarapintou nos últimos anos está a
esbater-se fortemente, segura e firmemente. Mais uma dor insuportável para Dias
da Cunha, novel pintor, cuja (falta de) arte não consegue pintar as contas à
sua medida e desejo!
Dias da
Cunha, novel pintor de contas, observa compungido as lamentações, tão doridas
quanto as suas, de seu professor. Amargurado, escuta seus repetidos impropérios
lamurientos contra as televisões, que nem de graça querem transmitir os seus
jogos uefeiros! Nem aquela, paga do nosso bolso, que tanto a seus pés dobra os
costados e faz salamaleques! Em contraste, todas elas se atropelam na disputa
da transmissão de uma simples festa musical e dos meros jogos amigáveis do seu
(deles) odiado rival!
Estas
disputas estão reservadas só para o reino dos grandes, senhor novel pintor das
contas! É concorrência desleal? Talvez seja, mas quem é que liga aos pequenos?!
Nem todos
conseguem contratos milionários para pintar as contas da cor que desejam, é
verdade! Mas isso também só está reservado aos grandes! É concorrência desleal?!
Talvez seja, mas quem é que liga aos pequenos?!
Dias da
Cunha, novel pintor das contas, bem que podia consolar suas mágoas com as
mágoas iguais de seu confessado professor e deixar o Benfica tão em paz quanto
ele o deixa!
E, para
não esborratar ainda mais de vermelho suas contas, não devia perder tempo com
tanta carpidura, ou gastar dinheiro na contratação de outras carpideiras que
lhe pintalguem o coro! Por mais lágrimas que todos consigam carpir, não
conseguem desbotar, o mais leve que seja, a endémica tendência para o vermelho
cada vez mais vermelhão que pinta e repinta as suas contas e as de seu dito
professor!
Após
tantos e tão grandes buracos no mais profundo encarnado, uma costumeira tão
fidelíssima por anos e anos de vermelhidão, Dias da Cunha, novel pintor de
contas, já devia estar acostumado a tanto vermelho … e conformar-se com o
destino!
Depois,
nem todos podem ser Picassos! …
"Arquivo Especial"
NOTA: Os textos transcritos do "Arquivo Especial" (alguns publicados à algum tempo e não perdendo actualidade) provêm de autores diversos e fruto de pesquisas efectuadas em blogs, forums, jornais, magazines etc..
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