Hoje não pude ver o jogo, consegui apenas a segunda metade da 1ª parte com o Estoril. Depois segui algumas incidências na rádio do carro, distraidamente, só dando conta de alguma coisa relevante como um golo. Foi do Estoril. Nem me apercebi logo que era penálti e expulsão (Mangala).
De registo, quase no fim, o valente repórter de pista deixou passar o som de cânticos ultrajantes para o treinador do FC Porto. Sobre o treinador do FC Porto, precisamente desde o jogo da 1ª volta no Estoril (por sinal o único que o FC Porto não vencera até à data e aquele que serviu de pretexto a Pinto da Costa para uma patética aparição televisiva a queixar-se de um árbitro umas 8 ou 9 jornadas antes mais a do clássico na Luz), não só disse que não tínhamos treinador mas daí para cá escalpelizei tudo o que estava mal no FC Porto e não era, certamente e seguramente, só o treinador. Sobre Preocupações Fonseca estou à vontade para falar face ao que escrevi, incluindo a menção das perplexidades que a sua conduta e categoria para a função me causavam, cunhando um nome e até um duplo com o Produções Fictícias.
Agora, creio que foi a 1ª vez, não estando no estádio, que ouvi cânticos ofensivos para um treinador do FC Porto e já lá vão 40 anos a viver as emoções da bola em azul e branco. Ouvi, na rádio, algo que me enojou: "ó Paulo Fonseca, vai prò caralho!".
Não tenho ideia de algo semelhante e recuso pensar que seja algo orquestrado para pressionar o treinador a sair. Ora, por mim já teria saído há muitos meses e na viragem do ano fui anotando as oportunidades no calendário para favorecerem uma alteração de comando técnico. E identifiquei claramente os responsáveis na SAD do FC Porto, com o presidente à cabeça.
Vejo, entretanto, ao chegar a casa, na net, que Pinto da Costa diz que "só os ratos fogem" e não percebi se seria uma indirecta a Angelino Ferreira, uma saída inesperada e até inaudita que, apanhando-me fora e longe das notícias e comentários, já sucede à de Fernando Gomes na sempre sensível pasta das Finanças.
Eu juntei os cânticos, indecorosos, que ouvi na rádio à metáfora que li na net com foto de Pinto da Costa.
Tive pena que os cânticos, igualmente indecorosos, não tivessem sido dirigidos ao próprio presidente, à sua "entourage" que vai delapidando o património do FC Porto como é a contratação de um treinador tenrinho e a manutenção de uma insustentável equipa técnica no Dragão.
Gostaria que os cobardes se assumissem, a começar pelo presidente que na sua tonta teimosia e atávico titubear mantém o treinador contra tudo e todos. E que os cobardes dos cânticos os dirigissem ao único responsável por esta vergonha, não de perder com o Estoril em casa pela 1ª vez, porque também vi com Boavista e Salgueiros quando julgavam impensável tal coisa, mas pelos cânticos indecorosos que, por exemplo, nunca vi dirigirem a árbitros, sendo que tais invectivas contra árbitros ouvem-se em vários estádios do País.
A época está a ser um desastre e terminará em hecatombe, há muito apontei para o triplo homicídio em perspectiva face ao Benfica. A gestão da SAD tem sido um desastre, só mitigado pelos dois títulos que o bravo Vítor Pereira assegurou ao FC Porto. É a SAD a responsável pela situação actual e não se viu coragem, determinação e competência para resolver um problema com o treinador que só gente idiota não viu. Entretanto, no meio de tantos cobardes, alguém saiu do barco, não sei porquê mas posso desconfiar e acho até um tema muito sério.
Da SAD do FC Porto já não espero nem muito nem pouco: apenas o pior. Afinal, também é possível que muitos ratos, entre amigos e compinchas, não fujam e os cobardes se refugiem no silêncio, tal como se quedaram pela inacção de um problema que se arrasta há meses e agora teve apenas mais um capítulo de uma tragédia anunciada.
Curiosamente, das medrosas opiniões que ouvia na rádio (A1), temia-se cortar a eito tanto quanto o FC Porto fez com este treinador, suportando-o por teimosia presidencial. E davam-se números e resultados como se fossem a essência da coisa: ninguém reparou que as vitórias pífias sobre Marítimo na taça da treta e Estoril na Taça de Portugal tiveram precisamente derrotas com os mesmos adversários com um penálti em casa jogo. Andaram alguns patetas contentes não sei com quê. Os mesmos que agora insultam o treinador e poupam os verdadeiros responsáveis pelo estádio de sítio e a decadência presidencial e existencial que se augura no FC Porto, nada de bom.
Enfim, não vi o jogo para falar dele, mas percebo tudo o que falarem dele. Não comento mais jogos com este treinador, limito-me a incidências causadas pelos jogos na política desportiva e na deterioração competitiva que gente muito bem paga causou talvez com efeitos irremediáveis.
Pinto da Costa, na sua louca obsessão por mostrar que ele é quem manda, pode nem querer hipotecar o futuro do treinador e o que resta da miserável época do FC Porto. Mas deve começar a hipotecar, já, o futuro do FC Porto pela sua inacção e incapacidade de gerir a transição e projectar o clube que alguns julgam já projectado e assegurado como inamovível do pedestal.