Em 1982 fui destacado como elemento de equipa, para cobertura e transmissão da edição dos JOGOS SEM FRONTEIRAS, em SIBENIK, ex-Jugoslávia, actualmente parte integrante da Croácia, onde decorreu o episódio que hoje aqui relato e isto porque tem a ver com o GLORIOSO.
Para os que não sabem ou não lembram, os Jogos Sem Fronteiras eram realizados e transmitidos pela Eurovisão e cada país, através da sua TV, aprsentava equipa representativa de uma cidade ou região, que pesquisando a sua história e tradições, elaboravam temas e coreografias que eram transpostos e interpretados em jogos de cariz popular, deveras engraçados, com perícias, habilidades etc., e votados por um Juri Internacional, composto por elementos dos países participantes.
A nossa equipa de trabalho foi destacada e elogiada, em directo, pela organização dos Jogos, por ter sido a primeira e creio que única, autorizada a transmitir para a rádio, RATEL PUBLICIDADE (então concessionária de todo o espaço comercial do Rádio Clube de Angra-Açores) uma competição especialmente produzida para televisão.
E aconteceu algo inédito:para além da cabine reservada, única vez que Portugal teve direito a duas, para rádio e TV, respectivamente, fomos também autorizados a realizar o nosso trabalho nos bastidores, que era apenas reservado à produção televisiva, autorização essa que nos permitiu fazer várias intervenções com relatos e entrevistas, antes, durante e depois de cada quadro apresentado, a elementos da equipa actuante, assistentes, técnicos e público, o que não acontecia com a transmissão televisiva a não ser no final com elementos participantes nos jogos.
Outra facto inédito, foi o de os telespectadores dos Açores, mais precisamente os da Ilha Terceira, assistirem aos Jogos pela TV, e preferirem o som da nossa transmissão, diga-se, mais completa, pormenorizada e excitante.
Mas vamos ao que aconteceu para corroborar o título deste "post":
A nossa viagem de Lisboa a Sibenik, foi feita de carro, (aproveitamos para gozar férias oficiais) passando por Espanha, (disputava-se na altura o Mundial de Futebol) Andorra, Suiça, Itália e, lógicamente, Jugoslávia. Espectacular a travessia dos Alpes e Pirinéus.
Contrariedades acontecem.Surgiu um pequeno acidente à saída de Split, a caminho de Sibenik, e tivemos de comunicar um possível atraso à equipa da RTP, com Eládio Clímaco, apresentador destacado e Maria Elisa, na altura Directora de Programas, depositários das nossas credenciais de acesso ao estádio onde se iria realizar o ensaio final, isto na noite anterior à transmissão.
Recebemos a indicação de que todas as credenciais destinadas à nossa equipa, ficariam à disposição na recepção do hotel, o mesmo onde se alojavam todos os orgãos de comunicação creditados para o evento.
Chegamos em cima da hora e nem tivemos tempo de passar no hotel. Arriscamos tudo e fomos directos para o recinto.
Quase aconteceu o pior. A segurança barrou-nos a entrada, com o rigor que caracterizava o regime (comunista) vigente.Tentamos explicar em todas as línguas possíveis,à excepção do croata, claro, mas não havia maneira de quebrar a resistência, até que o Paulo Pacheco, chefe da nossa comitiva, (lembro como se fosse hoje) resolveu dizer aos seguranças: «-Portugal...speakers.».
E logo um sorriso de orelha a orelha se abriu no rosto do que parecia ser o chefe: «-Portugalska...Benfica...Eusébio!».
Nem fomos revistados.
Graças à grandeza planetária dos nomes, BENFICA e EUSÉBIO, logramos cumprir integralmente a nossa missão!
A GRANDEZA DO BENFICA NÃO É DE HOJE!
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