Conflitualidade? Não a desejo, mas não a temo!
"A universalidade do Benfica não pode ser ultrapassada pela parolice bacoca de quem usa e abusa de uma esperteza saloia.
Olho por olho...
Em 9 e em 18 de Agosto de 2013 - começava, então, a caminhada para o bicampeonato - publiquei dois textos nos quais defendia que seria necessário assumir uma postura de conflitualidade, sem qualquer receio, sem qualquer temor reverencial, sem qualquer ato de subserviência para que nos respeitassem, para que nos voltassem a temer, para que voltássemos a ganhar de forma consistente.
Embora não o desejando, como princípio, defendi-o, porque esse era o caminho que julgava dever ser seguido (mesmo perante a incompreensão de alguns, os do costume... mas também os que não gostam de sair da zona de conforto onde se movem, porque, assim, podem... ir aos jogos mais descansados)!
Não sou dirigente do Benfica para me dar bem com os outros, nem para ver jogos em lugares mais confortáveis. Serei VP do Benfica para combater por aquilo em que acredito, por aquilo que me ensinaram ser o Benfica, porque julgo mesmo que o Benfica pode vir a ser o que sonhei. E porque sei ser esse o sonho e a postura de Luís Filipe Vieira (o grande defensor público da divulgação do maior escândalo do futebol português, chamado Apito Dourado).
Sabe, quem me conhece, que não busco o confronto a qualquer preço. Mas não me confundam com quem prefere... «a paz mais injusta à mais justa das guerras».
Especialmente quando os nossos inimigos - não confundir com adversários, porque esses jogam connosco e contra nós com as mesmas regras, sem batota, sem corromper quem decide ou sem recorrer a suplementos vitamínicos que deturpam a verdade desportiva - nos provocam, em cada declaração, em cada afirmação, em cada entrevista, em cada graçola...
Vem isto a propósito desta onda de conflitualidade verbal, destes ataques sucessivos - de todos os lados - na tentativa desesperada de evitarem o tricampeonato do Sport Lisboa e Benfica.
Essa é a grande preocupação de muitos. Dos que estão do outro lado - seja ele mesmo do outro lado ou de lá de cima - mas, também, dos que tendo obrigação de ser imparciais, se deleitam em dizer mal do Benfica.
Porque sabem que se disserem, neste Portugal de brandos costumes, ninguém os criticará.
Sabendo que, pelo contrário, correm sérios riscos se disserem mal de outras cores (havendo, até, os que, sendo nossos, acham que ganham algum reconhecimento por dizerem mal de nós).
Tenho, por isso, a certeza absoluta que o medo e qualquer tentativa de conciliação (como sinónimo de submissão) apenas nos enfraquecerão.
Como sei que os outros só entendem uma linguagem: a do «olho por olho, dente por dente»!
Foi essa a postura durante os últimos dois anos. Não tenho dúvidas que tem de ser essa a postura para esta época. Contra os que mudando (este ano), julgam tudo lhes ser permitido. Contra os que não mudando (há muitos anos), continuam a julgar que vivem ainda nos tempos da impunidade!
Os adeptos merecem tudo
Defendo essa ideia de honra permanente em relação a qualquer ataque ao Benfica. Não posso, por isso, deixar de ser solidário, activamente, com a posição assumida (ou anunciada) pelo Benfica de procurar nos tribunais o ressarcimento de posicionamentos de quem se julga o centro do mundo (e rir-me a bom rir dos que ainda sorriem da posição do Benfica).
Bem anda o Benfica ao agir como anunciou, como será devida uma palavra de elogio a quem, no Benfica, também sem medo, tem dado a cara pela posição mais normal num Estado de Direito: anunciar que procuraremos, através da via judicial, o pagamento de uma cláusula penal, aceite de livre vontade, por ambas as partes.
Porque esse posicionamento, essa luta pela permanente dignidade do Benfica, que acompanha a sua grandeza e a sua universalidade, são o mínimo que podemos exigir a nós mesmos.
É o mínimo que podemos fazer por todos aqueles que percorrem semanalmente centenas e centenas de quilómetros e fazem um grande esforço financeiro para estarem sempre presentes ao lado da equipa, materialização visível desta paixão e da mística que construímos em cada momento.
É necessário que haja determinação na defesa do que, sendo de todos - verdade e honestidade - alguns teimam em pôr de lado, porque só assim conseguem ganhar.
Milhões de uns egos de outros
Na última época, uns, com um investimento de muitos milhões no plantel, perderam tudo o que tinham a perder, quando estavam obrigados a ganhar!
Esta temporada voltam a endividar-se para tentar recuperar a hegemonia do futebol português, esquecendo-se que, para que essa hegemonia voltasse, teriam que voltar, também, os métodos do Apito Dourado.
Paralelamente, outros, que, há cerca de três meses, não sabiam se tinham orçamento para o investimento necessário para competir na Liga dos Campeões, hoje... têm dinheiro para tudo.
Ainda bem que assim é, até porque o ego em questão, apesar de muito bom, não ganhou nada em nenhum clube por onde passou,... excepto num (tipoistmo)!
Sabendo disso mesmo - cada um deles melhor do que nós, porque, como diz o povo... «cada um sabe de si e Deus sabe de todos» - tudo farão para, em conjunto, nos ganharem.
Não quererão saber quem fica a frente entre eles, desde que um deles fique à nossa frente.
Ou melhor: desde que ficassem.
Porque esse é o nosso combate: sem tréguas, mas com o apoio de todos, o que faz com que joguemos sempre em casa.
Eles estarão mais unidos do que nunca. Uns, porque o caminho da perpetuação no poder, com o recurso ao que vemos, ouvimos e lemos, não vai poder voltar a recorrer aos mesmos truques.
Outros, porque a ânsia de protagonismo disfarça as dificuldades e catapultará os egos que ainda por lá vão coexistindo (até ao primeiro desentendimento ou até alguém dizer que o rei vai nu).
Conflitualidade pura e gratuita
Por tudo isso, honra lhes seja feita, eles já disseram ao que vinham: conflitualidade pura e gratuita. Assente em forte contestação da arbitragem, mesmo - pasme-se - antes de ter havido jogos, com base em acesas guerras psicológicas e em desesperados jogos de bastidores.
Para eles, nos trinta e três jogos que faltam, o Benfica não irá ganhar merecidamente nenhum.
Pelo contrário, quando perderem pontos - os dois - só a arbitragem explicará a calamidade...
Para nós, haverá sempre, de ambos os lados, a certeza que houve ajuda... divina. Para eles e a eles tudo deverá ser permitido.
O Benfica - com uma organização profissional e competentíssima, um plantel equilibrado e um treinador de grande nível (que saudades que eu já tinha de ver um treinador do Benfica de caráter, a explicar educadamente as coisas, a tratar os jornalistas por você, etc., etc., etc.) - nunca jogará bem, nem merecerá ganhar.
Citando alguém sobre uma realidade não tão diferente do futebol quanto isso, «eles poderão perder, nós é que nunca poderemos ganhar». Ou melhor não poderíamos. Mas vamos ganhar!
Ao colo dos 53 285 adeptos que, na 1.ª jornada, estiveram presentes no Estádio da Luz, do mais de um milhão que nos vão ver ganhar na Catedral, e das centenas de milhar que - mesmo com muitas dificuldades e pagando, geralmente, quase o dobro do que pagam os adeptos dos outros - nos vão ver ganhar por todo o Portugal.
Se queres paz...
Que isto não seja entendido - repito - como defesa ou apologia de uma conflitualidade gratuita.
Mas, apenas, a resposta à afirmação de quem entende que a nossa grandeza - que não deve ser confundida com sobranceria - tem de ser o ponto de partida para não permitirmos que a nossa universalidade possa ser ultrapassada pela parolice bacoca de quem usa e abusa de uma esperteza saloia básica, que a nossa nobreza de carácter e o respeito pelas regras possa ser atropelado pelos que querem ganhar a todo o custo, mesmo que apenas o consigam corrompendo ou... fazendo uso da traquinice rasteira de quem não fez nada mais na vida.
Todos do mesmo lado!
Vamos a isto, Benfica?
SE EU FOSSE...
...presidente de um Clube.
Que julgava maior do que era, na realidade, estaria bastante preocupado (nervoso?) pelo facto do treinador que havia contratado me ter tirado todo o protagonismo e me ter transferido para um lugar de mero figurante na estrutura do clube, passando a centralizar todo o apoio interno e a ser o principal alvo de crítica de quem está fora...
E ver-me-ia desesperado ao ponto de ter que atacar um director de comunicação de um outro clube (bem sei que MAIOR QUE PORTUGAL) para tentar não desaparecer de cena.
Eu bem saberia que todos os livros me aconselhariam a apenas me pegar com pessoas que fossem tão presidentes como eu, mas, à falta de melhor, não poderia deixar passar esta possibilidade...
Até porque, a próxima sabe-se lá se bem mais perto do que poderia imaginar, se continuar a seguir as pisadas do ano passado, poderá ser para criticar a equipa.
Esperando bem que não seja já no regresso de Moscovo.
... dirigente de outro Clube.
Do terceiro clube desta troika feita de dois grandes clubes e um outro (MAIOR QUE PORTUGAL) estaria contente por ver quem, em bicos de pés ou passando a mão, repetidamente, pelo cabelo, vai fazendo o jogo de contestação ao Benfica que era pressuposto eles fazerem.
E ficava contente por isso: por ter alguém, que mesmo não seguindo instruções, desempenhava, fielmente, as funções que lhe tinham imaginado.
Nem em sonhos se conseguiria tão fiel desempenho... dir-se-ia lá para os lados da Torre..."
Rui Gomes da Silva, in A Bola
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